Um diácono de Cartago que, em meados do século III, liderou um curto porém perigoso cisma, para o qual indevida importância doutrinal foi dada por uma certa classe de escritores, Neander, Ritschl, Harnack, dentre outros, que viram nele “uma reação presbiterial contra a autocracia episcopal”. Da figura chefe na revolta, Felicíssimo, não se pode falar muito. O movimento do qual ele posteriormente se tornou líder se originou na oposição de cinco presbíteros da igreja em Cartago à eleição de S. Cipriano como bispo daquela sé. Um desses presbíteros, Novato, escolheu Felicíssimo como diácono de sua igreja no distrito chamado Mons, e por causa da importância do ofício de diácono na Igreja Africana, Felicíssimo se tornou o líder dos descontentes. A oposição desta facção, porém, não levou a uma ruptura declarada até a explosão da perseguição Deciana em 250, quando S. Cipriano foi forçado a fugir da cidade. Sua ausência criou uma situação favorável aos seus adversários, que procuraram tomar vantagem de uma divisão já existente a respeito dos métodos a serem seguidos ao lidar com aqueles que haviam apostatado (lapsi) durante a perseguição e que posteriormente buscavam ser readmitidos à amizade cristã. Foi fácil, devido às circunstâncias, levantar uma grande hostilidade a Cipriano, porque ele seguira uma política extremamente rigorosa para lidar com aqueles lapsi. A crise foi atingida quando S. Cipriano enviou de seu esconderijo uma delegação consistindo de dois bispos e dois padres para distribuir esmolas àqueles que tinham sido arruinados durante a perseguição. Felicíssimo, considerou as atividades daqueles homens como uma usurpação das prerrogativas de seu cargo, e tentou frustrar a sua missão. Isto foi reportado a S. Cipriano, que prontamente o excomungou. Felicíssimo imediatamente reuniu a seu redor todos aqueles que estavam insatisfeitos com o tratamento do bispo para com os lapsi e proclamaram uma revolta abertamente. A situação foi ainda complicada pelo fato de que os trinta anos de paz que precederam a perseguição Deciana causaram muito relaxamento na Igreja, e de que na primeira eclosão das hostilidades multidões de cristãos haviam declaradamente apostatado ou recorrido ao expediente de comprar certificados de oficiais venais, atestando a sua conformidade com o edito do imperador. Além disso o costume de readmitir os apóstatas à amizade cristã, se eles pudessem mostrar bilhetes de confessores ou mártires em seu nome, havia resultado numa disseminação de escândalos.
Enquanto S. Cipriano estava no exílio não teve sucesso em estancar a revolta mesmo tendo sabiamente se abstido de excomungar aqueles que diferiam em relação ao tratamento dos lapsi. Após o seu retorno a Cartago (251) ele convocou um sínodo de bispos, padres e diáconos, no qual a sentença de excomunhão contra Felicíssimo e os líderes da facção foi reafirmada, e regras definitivas foram formuladas a respeito da maneira de readmitir os lapsi. A sentença contra Felicíssimo e seus seguidores não os deteve de aparecer perante outro concílio, que foi realizado em Cartago no ano seguinte, demandando que o caso fosse reaberto. Sua demanda foi recusada e eles buscaram lucrar com a divisão na Igreja Romana que havia surgido de causas similares, exceto que neste caso a culpa da frouxidão foi levantada contra a parte ortodoxa. Este procedimento e o fato de que o Concílio de Cartago tomou decisões com tamanha moderação para com os lapsi, modificando, como fez, a política rigorística de Cipriano com um compromisso judicioso, logo afastou de Felicíssimo todos os seus seguidores, e o cisma desapareceu.