Francesco Zabarella

Cardeal, celebrado canonista, nascido em Pádua em 10 de Agosto de 1360; morto em Constance em 26 de Setembro de 1417. Ele estudou jurisprudência em Bologna (1378-83) principalmente com o famoso Giovanni di Lignano, e em Florença, onde se graduou em 1385. Ele ensinou direito canônico em Florença (1385-90) e em Pádua (1390-1410). Tendo recebido as ordens menores em 1385, ele se tornou vigário do Bispo Acciajuoli de Florença e pastor da Igreja de Santa Maria em Pruncta próximo a Florença. Depois da saída do Bispo Acciajuoli em 1386, Zabarella foi escolhido como seu sucessor, mas o papa havia previamente indicado outro como bispo. Em 1398 ele foi feito arcipreste da catedral de Pádua. O governo paduano repetidamente o empregou em missões diplomáticas, e até o final de 1404, ele foi um dos dois embaixadores enviados ao Rei Carlos VI da França para conseguir dele assistência contra Veneza, que estava se preparando para anexar Pádua. Quando Pádua se tornou parte da República Veneziana em 1406, Zabarella passou a ser um apoiador leal de Veneza. Em 1409 ele tomou parte no Concílio de Pisa como conselheiro do legado Veneziano. Em 18 de Julho de 1410, João XXIII o indicou como Bispo de Florença e referendário papal, e em 6 de Junho de 1411, cardeal decano com a igreja titular dos Santos Cosme e Damião.

Embora ele jamais tenha recebido as ordens maiores, ele foi um dos cardeais mais influentes e ativos de João XXIII, cujos interesses ele defendeu no Concílio de Roma (1412-3). Quando este concílio falhou em encerrar o lamentável cisma, João XXIII enviou os Cardeais Zabarella e De Challant como legados ao Rei Sigismundo em Como em October de 1413, com plenos poderes de chegar a um entendimento com este último a respeito do lugar e do momento para a realização de um novo concílio. Ficou combinado para a abertura do novo concílio em Constance em 1o de Novembro de 1414, onde Zabarella foi novamente o principal apoiador de João XXIII. Quando este último fugiu de Constance em 20 de Março de 1415, para frustrar a eleição de um novo papa, Zabarella permaneceu como seu representante. E foi principalmente por sua influência que João XXIII finalmente deixou o papado incondicionalmente em Abril de 1415. Mesmo assim o concílio continuou seus processos contra João, e comissionou Zabarella com quatro outros cardeais a informá-lo de sua suspensão e, mais tarde, de sua deposição formal pelo concílio. Nos processos contra o Avinhonês Papa Bento XIII, Zabarella propôs, na sessão realizada em 28 de Nov. de 1416, que Bento fosse citado antes do concílio. Ele também tomou parte nos processos do concílio contra Huss, Jerônimo de Praga e Jean Petit. Suas tentativas de induzir os dois primeiros a assinar uma forma amenizada de retratação de provaram inúteis. De Abril até o final de Julho ele buscou restaurar a saúde e a força no balneário vizinho. Em 28 de Julho ele fora novamente para Constance, e até o momento da sua morte empregou toda a sua influência para apressar a eleição de um novo papa. Ele está enterrado na catedral de Pádua.

Sua produção literária mais importante está em um tratado eclesiástico-político, “De schismatie” (Estrasburgo, 1515). Ele consiste de porções independentes, escritas em diferentes intervalos (1403-5-6- 8) e contendo várias sugestões para acabar com o cisma. Seus escritos canônicos principais são: “Lectura super Clementinis” (Nápoles, 1471); “Commentarius in libros Decretalium” (Veneza, 1502); “Consilia” (Veneza, 1581). Ele também escreveu “De felicitate libri III” (Pádua, 1655); “De arte metrica”; “De natura rerum diversarum”; “De corpore Christi”: e alguns pequenos tratados jurídicos. Um grande número de suas cartas estão na biblioteca imperial de Viena, Cod. Lat. 5513.

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