Santos Pregos

A questão tem sido longamente debatida, se Cristo foi crucificado com três ou com quatro pregos.

O tratamento da Crucificação na arte durante o início da Idade Média fortemente apoia a tradição de quatro pregos, e a linguagem de certos escritores históricos (nenhum, contudo, anterior a Gregório de Tours, “De glor. mart.”, vi; visto que o suposto sermão de S. Cipriano, “De passione”, é uma fabricação medieval), favorece a mesma visão.

Por outro lado, no século XIII, a arte ocidental começou a representar os pés do Crucificado como situados um sobre o outro e perfurados com um único prego. Isto concorda com a linguagem de Nono e Sócrates e com o poema “Christus patiens” atribuído a S. Gregório Nazianzeno, que fala de três pregos. O criticismo arqueológico mais recente apontou que não apenas as duas representações mais antigas da Crucificação (o graffito Palatino aqui não entra na contagem), a saber, a porta entalhada de Santa Sabina em Roma, e o painel de marfim do Museu Britânico, não mostram sinais de pregos nos pés, mas que Sto. Ambrósio (“De obitu Theodosii” em P.L., XVI, 1402) e outros escritores antigos distintamente insinuavam que havia apenas dois pregos. Além disso, Sto. Ambrósio nos informa que Sta. Helena possuía um prego convertido em um freio para o cavalo de Constantino (comentaristas antigos citaram Zacarias 14:20, em conexão com isto), e que um diadema imperial fora feito com o outro prego. Gregório de Tours fala de um prego que fora jogado (deponi), ou possivelmente mergulhado no mar Adriático para acalmar uma tempestade. É impossível discutir estes problemas adequadamente em um curto espaço, mas a informação derivada da arqueologia geral da punição por crucifixão como conhecida dos romanos de maneira nenhuma contradiz a tradição cristã de quatro pregos.

Muito pouca confiança pode ser depositada sobre a autenticidade do terceiro ou de mais santos pregos que ainda são venerados, ou que tenham sido venerados até recentemente, em tais tesouros como aquele de Santa Croce em Roma, ou aqueles de Veneza, Aachen, o Escurial, Nuremberg, Praga, etc. Provavelmente a maioria começou professando ser facsímiles que tinham sido tocados ou continham limalhas de outros pregos cuja reivindicação era mais antiga. Sem uma fraude consciente da parte de ninguém, é muito fácil para imitações neste sentido se tornarem em um curto espaço de tempo reputadas como originais. O freio de Constantino é acreditado como sendo idêntico a uma relíquia desta forma que por muitos séculos foi preservada em Carpentras, porém há outro reclamante do mesmo tipo em Milão. Similarmente o diadema de Constantino é afirmado como se estivesse em Monza, e há muito se tornou conhecido como “a coroa de ferro da Lombardia.”

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