(Em Francês, Aix-la-Chapelle, o nome pelo qual a cidade é normalmente conhecida; em Latim Aquae Grani, posteriormente Aquisgranum).
A cidade de Aachen fica em um vale na Prússia, cercada por colinas arborizadas, em Wurm, um afluente do rio Roer, em seu caminho para o rio Meuse. População, 1o de dezembro de 1905, 151.922 (incluindo a Paróquia de Forst); Católicos, 139.485; Protestantes, 10.552; Judeus, 1.658; outras denominações, 227. 1990 População: cerca de 250.000 — Ed.
A cidade deve sua origem às suas salutares fontes que já eram bastante conhecidas no tempo dos Romanos. Aparentemente houve uma corte real em Aachen sob os Merovíngios, mas ela cresceu em importância sob Carlos Magno que a escolheu como seu local favorito de residência, adornando-a com um palácio nobre imperial e uma capela, e dando ordens de ser enterrado nela.
As preciosas relíquias obtidas por Carlos Magno e Oto III para a capela imperial foram objetos de grandes peregrinações na Idade Média (as chamadas “Shrine Pilgrimages”, “Peregrinações a Santuários”) que atraíram incontáveis multidões de peregrinos vindos da Alemanha, Áustria, Hungria, Inglaterra, Suécia, e outros países. De meados do século catorze em diante, entretanto, se tornou um costume expor as quatro grandes relíquias apenas uma vez a cada sete anos, um costume que ainda permance. Estes peregrinos, as coroações dos imperadores germânicos (trinta e sete dos quais foram coroados ali entre 813 e 1531), as indústrias florescentes e os privilégios conferidos pelos vários imperadores se combinaram para fazer de Aachen uma das primeiras cidades do Império.
A decadência de Aachen data do conflito religioso da Reforma Alemã. Albrecht von Muenster primeiro pregou o Protestantismo lá no ano 1524 mas posteriormente foi proibido de pregar a nova visão e foi executado por dois assassinatos cometidos durante a sua estada nas cidades de Maastricht e Wesel. Uma nova comunidade protestante foi logo formada, entretanto, em Aachen, que gradualmente alcançou força suficiente para provocar um levante em 1581, forçar a eleição de um burgomestre protestante, e desafiar o Imperador por vários anos. O banimento do império foi, assim, pronunciado contra a cidade em 1597 e imposto pelo Duque de Julich, o suserano católico da cidade. Os católicos recuperaram seus direitos, e os Jesuítas foram convidados para Aachen, em 1600. Em 1611, porém, os protestantes se ergueram novamente, saquearam o colégio Jesuíta, expulsaram os oficiais católicos em 1612, e abriram os portões para tropas vindas de Brandenburg. O banimento do Império foi novamente imposto sobre a cidade, e executado pelo general espanhol Spinola. Os líderes protestantes foram julgados ou exilados, e muitos outros protestantes banidos. Estes problemas, somados a um grande incêndio que destruiu 4.000 casas, colocaram um fim na prosperidade da cidade.
Dois tratados de paz foram concluídos em Aachen durante os séculos XVII e XVIII. Pelo primeiro, datado de 2 de maio de 1668, Luis XIV foi forçado, pela Tríplice Aliança entre Inglaterra, Holanda, e Suécia, a abandonar a guerra contra os Países Baixos Espanhóis, a devolver o Franco Condado, que ele havia conquistado, e a se contentar com doze fortalezas Flamengas. O segundo tratado, datado de 18 de outubro de 1748, pôs um fim na Guerra de Sucessão Austríaca. Em 1793 e 1794, Aachen foi ocupada pelos franceses, incorporada à República Francesa em 1798 e 1802, e tornada a capital do Departamento de Roer. Pelos termos da Concordata Francesa de 1801 Aachen se tornou um bispado subordinado ao Arcebispo de Mechlin, e composto de 79 paróquias de primeira classe e 754 de segunda classe. Seu primeiro e único bispo foi Marcus Antonius Berdolet (n. 13 de setembro de 1740, em Rougemont, na Alsácia; m. 13 de agosto de 1809), quem, na maior parte, deixou o governo de sua diocese para o seu vigário-geral, Martin Wilhelm Fonck (n. 28 de outubro de 1752, em Goch; m. 26 de junho de 1830, como Provost da Catedral de Colônia). Após a morte do Bispo Berdolet a diocese foi governada por Le Camus, Vigário-geral de Meaux; depois de sua morte, em 1814, pelos dois vigários-gerais Fonck e Klinkenberg. A Bula de Pio VII, “De Salute Animarum,” datada de 16 de julho de 1821 que regulou os assuntos da igreja na Prússia mais uma vez, acabou com o bispado de Aachen, e transferiu a maior parte do seu território para a arquidiocese de Colônia; um capítulo colegiado, consistindo de um provost e seis cônegos, tomando o lugar do bispado em 1825. Em 1815 Aachen passou a ser território prussiano. O Congresso de Aix-la-Chapelle se reuniu lá de 30 de Setembro a 11 de novembro de 1818, e foi assistido pelos soberanos da Rússia, Áustria e Prússia, e pelos plenipotenciários da França e Inglaterra, para determinar as relações entre a França e os Poderes. A França obteve uma redução na indenização de guerra e a antecipação da saída das tropas de ocupação, e se uniu à Sagrada Aliança; os outros quatro Poderes garantiram o trono da França para os Bourbons, contra qualquer revolução que pudesse ocorrer. Aachen, sob o governo prussiano, retornou à prosperidade, principalmente através do desenvolvimento das minas de carvão na sua vizinhança, que facilitaram várias indústrias extensivas (como a manufatura de linho, agulhas, maquinário, vidro, produtos de lã e meia-lã, etc.), mas também em consequência do aumento no número de visitantes de suas fontes termais.
A catedral ocupa o primeiro lugar entre os edifícios da igreja; ela consiste de três partes distintas: o octógono, o coro, e a coroa, ou anel, de capelas, o octógono formando a porção central. Esta última é o monumento mais importante da arquitetura Carolíngia, foi construída entre 796 e 804, no reinado de Carlos Magno, pelo Mestre Odo de Metz, e modelada de acordo com a igreja circular italiana de São Vital em Ravena. Ela foi consagrada pelo Papa Leo III. Trata-se de uma construção abobadada de oito ângulos, 54 pés de diâmetro, com uma circunferência de dezesseis lados de 120 pés, e 124 pés de altura. O interior da abóbada é adornado com mosaicos em um fundo dourado, executados por Salviati de Veneza, em 1882, representando Nosso Senhor rodeado pelos vinte e quatro Anciãos do Apocalipse. O prédio principal foi decorado com mármore e mosaicos em 1902, seguindo os desígnios de H. Schaper. Acima do ponto onde supostamente está o túmulo de Carlos Magno paira uma enorme coroa de lâmpadas, um presente do Imperador Frederico I, o Barba Ruiva; no coro do octógono, a chamada catedral superior, fica o trono de Carlos Magno, feito de grandes-lajes de mármore branco, onde, após a coroação, os imperadores germânicos recebiam as homenagens da nobreza. O rico coro superior, construído no estilo gótico, se liga ao octógono pelo lado leste; sua construção se iniciou na segunda metade do século XIV, e foi dedicado em 1414. As treze janelas, cada uma com 100 pés de altura, foram preenchidas com novos vitrais; nos pilares entre elas se situam catorze estátuas (a Mãe de Deus, os Doze Apóstolos, e Carlos Magno), datadas do século XV. Entre os tesouros do coro deve ser mencionado o famoso púlpito do Evangelho, enriquecido com placas de ouro, presente do Imperador Enrique II, dossel do trono do século XV, o altar-mor neo gótico de 1876, e a lápide que marca o ponto onde o Imperador Oto III foi posteriormente sepultado. As porções inferiores da torre do sino, a oeste do octógono, pertencem ao período Carolíngeo, a superestrutura gótica data de 1884. Das capelas que rodeiam todo o prédio, a chamada capela Húngara contém o tesouro da catedral, que inclui um grande número de relíquias, vasos, e vestimentas, os mais importantes sendo aquelas que são conhecidas como as quatro “Grandes Relíquias”, a saber, o manto da Virgem Bendita, os cueiros do Menino Jesus, a tanga usada por Nosso Senhor na Cruz, e o tecido no qual foi envolvida a cabeça de S. João Batista após a sua decapitação. Elas são expostas a cada sete anos e são veneradas por milhares de peregrinos.
Dentre outras igrejas católicas de Aachen, as seguintes podem ser mencionadas:
- a Igreja de Nossa Senhora, uma igreja gótica de tijolos, contruída por Friederich Statz em 1859
- a Igreja de S. Foillan, a paróquia mais antiga da cidade, que data, na sua forma atual, do período gótico, e foi restaurada entre 1883 e 1888; e
- a Igreja Romanesca de São Tiago, construída entre 1877 e 1888.
O edifício secular mais importante é o Rathaus, erigido entre 1333 e 1350, no local, e no exterior das ruínas do palácio imperial de Carlos Magno, e completamente restaurado entre 1882 e 1903. A fachada está adornada com as estátuas dos cinquenta e quatro imperadores germânicos, o grande salão (Kaisersaal) com oito afrescos desenhados por Alfred Rethel.
Em Aachen há fundações estabelecidas pelos Franciscanos, Capuchinhos, Alexianos, e Redentoristas. Algumas ordens femininas também se estabeleceram lá, incluindo:
- as Irmãs de São Carlos,
- as Cristesianas,
- as Irmãs de Santa Elizabeth,
- as Irmãs Franciscanas,
- as Irmãs do Bom Pastor,
- as Irmãs do Menino Jesus Pobre,
- as Carmelitas,
- as Ursulinas, e
- as Irmãs de São Vicente.
Concílios de Aachen
Um certo número de importantes concílios foram reunidos ali no começo da Idade Média.
No concílio misto de 798, Carlos Magno proclamou um importante capitulário de oitenta e um capítulos, basicamente uma repetição de uma legislação eclesiástica anterior, que foi aceito pelo clero e adquiriu autoridade canônica.
No concílio de 799, após uma discussão de seis dias, Felix, Bispo de Urgel, na Spain, declarou a si mesmo derrotado por Alcuin e voltou atrás com sua teoria herética do Adocianismo.
Nos sínodos de 816, 817, 818, e 819, as disciplinas clericais e monásticas foram o assunto principal, e a famosa “Regula Aquensis” foi tornada obrigatória em todos os estabelecimentos de cônegos e cônegas (ver MONASTICISMO OCIDENTAL), enquanto uma nova revisão da Regra de São Bento foi imposta aos monges daquela ordem pelo reformador Bento de Aniane.
O sínodo de 836 teve um amplo comparecimento e foi dedicado à restauração da edisciplina eclesiástica que havia sido gravemente afetada pelas guerras civis entre Luis, o Piedoso e seus filhos.
De 860 a 862 três concílios se ocuparam da questão do divórcio do Rei Lotário I de sua esposa, Ermengarda.
Em 1166 teve lugar o famoso concílio cismático, aprovado pelo Antipapa Pascoal III, no qual foi decretada a canonização de Carlos Magno, que foi solenemente celebrada em 29 de dezembro daquele ano.