“E toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: “Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”” (Mateus 21:9; cf. Mateus 21:15, Marcos 11:9-10, João 12:13). A controvérsia de Thayer no “Dicionário da Bíblia” Hastings de que a palavra hosanna seria derivado do Salmo lxxxvi, 2, não parece ter muito embasamento. A opinião geral é aquela de S. Jerônimo, de que a palavra se originou de duas palavras hebraicas do Salmo cxvii (cxviii), 25. Este salmo, “Confitemini Domino quoniam bonus”, era recitado por um dos sacerdotes todos os dias durante a procissão ao redor do altar, durante a Festa dos Tabernáculos, quando as pessoas eram ordenadas a “se alegrarem diante do Senhor” (Levítico 23:40); e no sétimo dia era recitada a cada vez durante as sete procissões. Quando o sacerdote alcançava os versos 25-26, a trombeta soava, todo o povo, incluindo os meninos, balançavam seus ramos de palmas, murtas, salgueiros, etc., e bradavam com o sacerdote as palavras: “O Domine, salvum (me) fac; o Domine, bene prosperare. Benedictus qui venit in nomine Domini!” O hebraico para salvum fac ou serva nunc era hoshi’a na. Isto era repetido tão frequentemente que se foi abreviado como hosanna; o sétimo dia da festa era chamado de A Grande Hosana; e os ramos de palmas, salgueiros, murtas, etc., receberam o nome de hosanas.
A Festa dos Tabernáculos era um período de grande alegria, e era dito entre os judeus que aqueles que não a tivessem presenciado não sabiam o que alegria significava. Deste modo hosanna ficou associada com alegrar-se. O mesmo pode ser dito do uso de ramos de palmas. Em I Macabeus, xiii, 51-52, nós lemos: “E entrou nela. . . com cânticos e palmas, harpas, címbalos, liras, hinos e louvores, porque um grande inimigo de Israel tinha sido aniquilado. Ordenou também que esse dia fosse celebrado a cada ano com regozijo.” Em II Macab., x, 6, 7: “Prolongaram as cerimônias e os festejos por oito dias, como na ocasião da festa dos tabernáculos.” Nestas ocasiões hosanna era, sem dúvida, exclamado em tons de júbilo e triunfo. Como todas as aclamações de uso frequente ela perdeu o seu significado primário e se tornou um tipo de vivat ou hurra de júbilo, triunfo e exultação. Fica claro nos Evangelhos que foi dessa maneira que foi gritado pela multidão no Domingo de Ramos. S. Lucas escreveu ao invés de hosanna in excelsis “paz no céu e glória no mais alto dos céus”.
E foi com esse sentido indefinido que a palavra hosanna passou, desde os tempos antigos, para as liturgias da Igreja; numa posição que desde então reteve tanto no Oriente como no Ocidente. Ela é encontrada na “Didaqué” e nas “Constituições Apostólicas”. Eusébio (História Eclesiástica II.23), citando um relado feito por Hegésipo da morte de São Tiago escreveu: “E sendo muitos os que se convenceram completamente e ante o testemunho de Tiago, irromperam em louvores dizendo: Hosana ao Filho de Davi”, etc. S. Clemente de Alexandria diz que ela significa “luz, glória, louvor”. Sto. Agistinho (na 2a Lição para o Sábado anterior ao Domingo de Ramos) diz: “Vox autem obsecrantis est, hosanna, sicut nonnulli dicunt qui hebraeam linguam noverunt, magis affectum indicans, quam rem aliquam significans, sicut sunt in lingua latina, quas interjectiones vocant.” (De acordo com alguns que são versados em hebraico, hosanna é uma palavra de súplica, usada como as interjeições no latim, para expressar sentimento e não para significar uma coisa.) Em cada missa a palavra hosana é dita duas vezes durante o Santo ao final do Prefácio. É cantada pelo coro nas missas solenes. Também é repetidamente cantada durante a distribuição das palmas e na procissão solene do Domingo de Ramos. Extraímos de S. Jerônimo (Mateus 21:15) etc. que os fiéis, em alguns lugares, estão acostumados a saudar bispos e homens santos com clamores de hosana. Os judeus modernos têm uma procissão de ramos de palmas, na sinagoga, a cada dia durante a Festa dos Tabernáculos, em setembro, enquanto orações chamadas de hosanas são recitadas. O caráter jubiloso desse festival recebe a sua expressão máxima no sétimo dia, com o popular nome de A Grande Hosana (Hosha’na Rabba) (Oesterley e Box, “Religião e Culto das Sinagogas”, e o Mishna tract Sukkah, III, 8).