Serafim

É o nome, uma forma plural hebraica, que designa uma classe especial de assistente celestial da corte de Yahweh.

Nas Sagradas Escrituras estes seres angélicos são distintamente mencionados apenas na descrição de Isaías do seu chamado ao ofício profético (Isaías 6:2 sqq.). Em uma visão de profunda importância espiritual, concedida a ele no Templo, Isaías avistou as realidades invisíveis simbolizadas pelas formas aparentes da morada de Yahweh, de seu altar, seus ministros, etc. Enquanto ele permanecia observando perante a corte dos sacerdotes, ergueu-se perante ele uma visão augusta de Yahweh sentado no trono de Sua glória. De cada lado do trono havia misteriosos guardas, cada um munido de seis asas: duas para voarem, duas cobrindo as faces e duas cobrindo os pés, agora despidos, como se tornou o serviço sacerdotal na presença do Altíssimo. Seus altos servos, eles estavam ali para servi-Lo e proclamar a Sua glória, cada um dizendo ao outro: “Santo, santo, santo, é o Senhor dos exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória“. Estes eram os serafins, um dos quais voou na direção de Isaías segurando uma brasa viva que havia tomado do altar, e com o qual ele tocou e purificou os lábios do Profeta, para que a partir daí estes pudessem ser consagrados para o anúncio da inspiração.

Tal, em substância, é a visão simbólica de Isaías da qual pode ser inferida tudo que a Sagrada Escritura revela a respeito dos serafins. Embora descritos sob uma forma humana com faces, mãos, e pés (Isaías 6:2, 6), eles são indubitavelmente seres espirituais existentes correspondentes ao seu nome, e não meras representações simbólicas como é frequentemente afirmado por avançados estudiosos protestantes. Seu número é considerável, já que eles aparecem ao redor do trono celestial em um coro duplo e o volume do seu canto é tal que o som estremece as fundações do palácio.

Eles são distintos dos querubins que carregam ou velam a Deus, e mostram a presença da Sua glória no santuário terreno, enquanto que os serafins assistem perante Deus como ministros servos na corte celeste. O seu nome também, serafim, os distingue de querubim, embora seja confessadamente difícil obter de uma única passagem das Escrituras uma passagem onde estes seres sejam mencionados com uma clara concepção de seu significado preciso.

O nome é muitas vezes derivado do verbo hebraico saraph (“consumir com fogo”), e esta etimologia é muito provável por causa de sua concordância com Isaías 6:6, onde um dos serafins é representado carregando fogo celestial do altar para purificar os lábios do profeta. Muitos estudiosos preferem derivá-lo do pronome hebraico saraph, “uma serpente ardente e voadora”, da qual se fala em Números 21:6; Isaías 14:29, e da imagem bronzeada que ficava situada no Templo no tempo de Isaías (2 Reis 18:4); mas é claro que não aparecem traços de tal forma de serpente na descrição de Isaías dos serafins. Ainda menos provável são as visões propostas mais recentemente por certos críticos e que conectam os serafins bíblicos com o Sharrapu babilônico, um nome para Nergal, o deus-fogo, ou com os grifos egípcios (séréf) que são postos em Beni-Hassan como guardiões dos túmulos.

Os serafins são mencionados pelos menos duas vezes no Livro de Henoc (lxi, 10; lxxi, 7), juntamente com e distintamente dos querubins. Na teologia cristã, os serafins ocupam com os querubins o posto mais alto na hierarquia celestial, enquanto na liturgia (Te Deum; Prefácio da Missa) eles são representados como repetindo o Triságion exatamente como em Isaías 6.

Fontes

Comentários sobre Isaías: KNABENBAUER (Paris, 1887); DELITSCH (tr. Edinburgh, 1890); DURM (Gottingen, 1892); SKINNER (Cambridge, 1896); MARTI (Tübingen, 1900); CONDAMIN (Paris, 1905). Theology of the Old Testament: OEHLER (tr. Nova Iorque, 1883); DILLMANN-KITTEL (Leipzig, 1895); SCHULTZ (tr. Edinburgh, 1898).

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