Jehovah (Yahweh)

O nome próprio de Deus no Antigo Testamento; por isso os judeus o chamavam de o nome por excelência, o grande nome, o único nome, o nome glorioso e terrível, o nome oculto e misterioso, o nome da substância, o nome próprio, e mais frequentemente shem hammephorash, i.e. o nome explícito ou o nome separado, embora o significado preciso desta última expressão seja matéria de discussão (cf. Buxtorf, “Lexicon”, Basle, 1639, col. 2432 sqq.).

Jehovah ocorre mais frequentemente que qualquer outro nome Divino. As Concordâncias de Furst (“Vet. Test. Concordantiae”, Leipzig, 1840) e Mandelkern (“Vet. Test. Concordantiae”, Leipzig, 1896) não concordam exatamente no número de suas ocorrências; mas em números arredondados ele é encontrado no Antigo Testamento 6000 vezes, seja sozinho ou em conjunto com outro nome Divino. A Septuaginta e a Vulgata apresentam o nome geralmente por “Senhor” (Kyrios, Dominus), uma tradução de Adonai — normalmente substituído por Jehovah na leitura.

Pronúncia de Jehovah

Os Padres e os escritores rabínicos concordam em representar Jehovah como um nome inefável. Quanto aos Padres, precisamos apenas chamar a atenção para as seguintes expressões: onoma arreton, aphraston, alekton, aphthegkton, anekphoneton, aporreton kai hrethenai me dynamenon, mystikon. Leusden não pôde induzir um certo judeu, a despeito de sua pobreza, a pronunciar o nome real de Deus, embora ele tenha feito as promessas mais sedutoras. A conformidade dos judeus com os desejos de Leusden não teriam sido de fato de nenhuma vantagem real para este último; para os judeus modernos é tão incerta a pronúncia real do Santo nome como para seus contemporâneos cristãos. De acordo com uma tradição rabínica a pronúncia real de Jehovah deixou de ser usada no tempo de Simeão o Justo, que foi, de acordo com Maimônides, um contemporâneo de Alexandre o Grande. Seja como for, parece que o nome não era mais pronunciado depois da destruição do Templo. O Mishná se refere à nossa questão mais de uma vez: Berachoth, ix, 5, permite o uso do nome Divino como modo de saudação; em Sanhedrin, x, 1, Abba Shaul nega qualquer participação no mundo futuro àqueles que o pronunciarem como é escrito; de acordo com Thamid, vii, 2, os sacerdotes no Templo (ou talvez em Jerusalém) podem empregar o verdadeiro nome Divino, enquanto os sacerdotes na cidade (fora de Jerusalém) tinham que se contentar com o nome Adonai; de acordo com Maimônides (“More Neb.”, i, 61, e “Yad chasaka”, xiv, 10) o verdadeiro nome Divino era usado apenas pelos sacerdotes no santuário que concediam a bênção, e pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação. Phil [“De mut. nom.”, n. 2 (ed. Marg., i, 580); “Vita Mos.”, iii, 25 (ii, 166)] parece sustentar que mesmo nessas ocasiões os sacerdotes tinham que falar em voz baixa. Até aqui nós seguimos a tradição judaica pós-cristã a respeito da atitude dos judeus antes de Simão o Justo.

Quanto à tradição anterior, Josephus (Antiq., II, xii, 4) declara que a ele não era permitido tratar do nome Divino; em outro lugar (Antiq., XII, v, 5) ele diz que os samaritanos ergueram no Mt. Garizim um anonymon ieron. Esta extrema veneração do nome Divino deve ter prevalecido genericamente no tempo em que a versão Septuaginta foi composta, pois os tradutores sempre substituíram Kyrios (Senhor) por Jehovah. Eclesiástico 23:10, parece proibir apenas um uso arbitrário do nome do nome Divino, embora não se possa negar que Jehovah não é empregado tão frequentemente em livros canônicos mais recentes do Antigo Testamento como nos livros mais velhos.

Seria difícil determinar em que tempo esta reverência ao nome Divino se originou entre os hebreus. Escritores rabínicos deduzem a proibição de se pronunciar o Tetragrammaton, como o nome de Jehovah é chamado, de Levítico 24:16: “Quem blasfemar o nome do Senhor, será punido de morte”. O particípio do verbo hebreu noqedh, aqui apresentado como “blasfemar”, é traduzido como honomazon na Septuaginta, e parece ter o significado de “determinar”, “indicar” (por meio de suas próprias vogais) em Gênesis 30:28; Números 1:17; Isaías 62:2. Ainda, o contexto de Levítico 24:16 (cf. versículos 11 e 15), favorece o significado de “blasfemar”. Os exegetas rabínicos depreendem a proibição também de Êxodo 3:15; mas este argumento não suporta o teste das leis da sóbria hermenêutica (cf. Drusius, “Tetragrammaton”, 8-10, em “Critici Sacri”, Amsterdã, 1698, I, p. ii, col. 339-42; “De nomine divino”, ibid., 512-16; Drach, “Harmonic entre l’Église et la Synagogue”, I, Paris, 1844, pp. 350-53, e Nota 30, pp. 512-16).

O que foi dito explica o chamado qeri perpetuum, de acordo com as consoantes de Jehovah que são sempre acompanhadas no texto hebraico pelas vogais de Adonai exceto nos casos em que Adonai fica em aposição com Jehovah: nestes casos as vogais de Elohim são substituídas. O uso de um simples shevá na primeira sílaba de Jehovah, ao invés de um shevá composto na sílaba correspondente de Adonai e Elohim, é exigida pelas regras gramaticais do hebraico que governam o uso do shevá. Daí a questão: Quais são as verdadeiras vogais da palavra Jehovah?

Foi sustentado por alguns estudiosos recentes que a palavra Jehovah data apenas do ano 1520 (cf. Hastings, “Dicionário da Bíblia”, II, 1899, p. 199: Gesenius-Buhl, “Handwörterbuch”, 13a ed., 1899, p. 311). Drusius (loc. cit., 344) representa Peter Galatinus como o inventor da palavra Jehovah e Fagius como o seu propagador no mundo dos estudiosos e comentaristas. Mas os escritores do século XVI, católicos e protestantes (p.ex. Tomás Caetano e Teodoro de Beza), são perfeitamente familiarizados com a palavra. O próprio Galatinus (“Areana cathol. veritatis”, I, Bari, 1516, a, p. 77) representa a forma como conhecida e recebida em seu tempo. Além disso, Drusius (loc. cit., 351) a descobriu em Porchetus, um teólogo do século XIV. Finalmente, a palavra é encontrada até mesmo na “Pugio fidei” de Ramón Martí, uma obra escrita por volta de 1270 (ed. Paris, 1651, pt. III, dist. ii, cap. iii, p. 448, e Nota, p. 745). Provavelmente a introdução do nome Jehovah antecede até mesmo R. Martí.

Não é de se admirar portanto que esta forma tenha sido considerada a verdadeira pronúncia do nome de Deus por estudiosos como Michaelis (“Supplementa ad lexica hebraica”, I, 1792, p. 524), Drach (loc. cit., I, 469-98), Stier (Lehrgebäude der hebr. Sprache, 327), dentre outros.

  • Jehovah é composto pelas formas abreviadas do imperfeito, do particípio e do perfeito do verbo hebraico “ser” (ye=yehi; ho=howeh; wa=hawah). De acordo com esta explicação, o significado seria “aquele que será, é, e tem sido”. Mas uma tal composição de palavras não encontra analogia no idioma hebraico.
  • A forma abreviada Jeho supõe a forma completa Jehovah. Mas a forma Jehovah não pode explicar as abreviaturas Jahu e Jah, enquanto que a abreviação Jeho pode ser derivada de outra palavra.
  • O nome de Deus diz-se estar parafraseado em Apocalipse 1:4, e 4:8, pela expressão ho on kai ho en kai ho erchomenos, na qual ho erchomenos é tida como equivalente a ho eromenos, “aquele que será”; mas ela realmente significa “aquele que vem”, de modo que depois da vinda do Senhor, Apocalipse 11:17, conserva apenas ho on kai ho en.
  • A comparação de Jehovah com o latino Jupiter, Jovis ignora as formas completas dos nomes latinos Diespiter, Diovis. Qualquer conexão de Jehovah com o nome Divino egípcio que consiste nas sete vogais gregas foi rejeitada por Hengstenberg (Beitrage zur Einleiung ins Alte Testament, II, 204 sqq.) and Tholuck (Vermischte Schriften, I, 349 sqq.).

Levando em conta os escritores antigos:

O leitor sensato perceberá que a pronúncia samaritana Jabe provavelmente se aproxima mais do som real do nome Divino; os outros escritores antigos transmitiram apenas abreviações ou corruptelas do nome sagrado. Inserindo as vogais de Jabe no texto de consoantes hebraico original, obtemos a forma Jahveh (Yahweh), que é normalmente aceita por estudiosos modernos como a verdadeira pronúncia do nome de Deus. Não está meramente intimamente ligada à pronúncia das antigas sinagogas por meio da tradição samaritana, mas também permite legitimar a derivação de todas as abreviações do nome sagrado no Antigo Testamento.

Significado do nome de Deus

Jahveh (Yahweh) é um dos substantivos hebraicos arcaicos, como Jacob, Joseph, Israel, etc. (cf. Ewald, “Lehrbuch der hebr. Sprache”, 7a ed., 1863, p. 664), derivado da terceira pessoa do pretérito imperfeito de um modo a atribuir à pessoa ou à coisa a ação da qualidade expressada pelo verbo na forma de um adjetivo verbal ou um particípio. Furst catalogou a maioria desses substantivos e chamou a forma de forma participialis imperfectiva. Como o nome de Deus é uma forma imperfeita do verbo hebraico arcaico “ser”, Jahveh significa “Aquele Que é”, Cuja nota característica consiste em ser, ou O Ser simplesmente.

Aqui somos confrontados com a questão, se Jahveh é o imperfeito hiphil ou o imperfeito qal. Calmet e Le Clere acreditam que o nome Divino é uma forma hiphil; logo significa, de acordo com Schrader (Die Keilinschriften und das Alte Testament, 2a ed., p. 25), Aquele Que traz à existência, o Criador; e de acordo com Lagarde (Psalterium Hieronymi, 153), Quem faz chegar, Quem realiza Sua promessa, o Deus da Providência. Mas esta opinião não está de acordo com Êxodo 3:14, nem há qualquer traço dela no hebraico de uma forma hiphil do verbo significando “ser”; além disso, esta forma hiphil é suprida nas línguas cognatas pela forma pi’el, exceto no siríaco onde o hiphil é raro e de ocorrência tardia.

Por outro lado, Jahveh pode ser ser um estado qal imperfeito de um ponto de vista gramatical, e a exegese tradicional de Êxodo 3:6-16, parece necessitar da forma Jahveh. Moisés pergunta a Deus: “Se eles me perguntarem: Qual é o seu [de Deus] nome? Que lhes responderei?” Em resposta, Deus fornece três vezes a determinação do Seu nome.

Primeiro, Ele usa a primeira pessoa do imperfeito do hebraico do verbo “ser”; aqui a Vulgata, a Septuaginta, Áquila, Teodócio, e a versão arábica supõem que Deus usa o qal imperfeito; apenas os Targumim de Jonatã e de Jerusalém sugerem um hiphil imperfeito. Deste modo temos as apresentações: “Eu sou aquele que sou” (Vulgata), “Eu sou aquele que é” (Septuaginta), “Eu serei [quem] serei” (Áquila, Teodócio), “o Eterno que não cessa” (Ar.); apenas nos Targumim acima mencionados se vê alguma referência à criação do mundo.

Da segunda vez, Deus usa novamente a primeira pessoa do imperfeito do hebraico do verbo “ser”; aqui as versões siríaca, a samaritana, a persa e os Targumim de Onkelos e Jerusalém conservam o hebraico, então não se pode dizer se elas consideram o imperfeito como uma forma qal ou uma forma hiphil; a versão arábica omite toda essa a cláusula; mas a Septuaginta, a Vulgata, e o Targum de Jonatã supõem aqui o imperfeito qal: “Aquele que é, envia-me junto de vós” ao invés de “Eu sou, envia-me junto de vós: (Vulgata); “ho on me enviou a vós” (Septuaginta); “Eu sou aquele que sou, e que será, me enviou a vós” (Targ. Jon.).

Finalmente, da terceira vez, Deus usa a terceira pessoa do imperfeito, ou a forma do próprio nome sagrado; aqui a versão samaritana e o Targum de Onkelos conservam a forma hebraica; a Septuaginta, a Vulgata e a versão siríaca apresenta “Senhor”, embora, de acordo com a analogia das duas passagens anteriores, eles deveriam ter traduzido, “Ele é, o Deus de seus pais, . . . envia-me junto de vós”; a versão arábica substitui “Deus”. A exegese clássica, portanto, considera Jahveh como o imperfeito qal do verbo hebraico “ser”.

Aqui outra questão se apresenta: É o ser predicado de Deus em Seu nome, o ser metafísico denotando nada além da própria existência, ou é um ser histórico, uma manifestação passageira de Deus no tempo?

A maioria dos escritores protestantes consideram o ser implícito no nome Jahveh como histórico, embora alguns não excluam de todo tais ideias metafísicas como a independência de Deus , absoluta constância e fidelidade às Suas promessas, e imutabilidade de Seus planos (cf. Driver, “Hebrew Tenses”, 1892, p. 17). A seguir estão as razões alegadas para o significado histórico do “ser” implícito no nome de Deus:

  • O senso metafísico do ser era um conceito muito obscuro para os tempos primitivos. Ainda assim, algumas das especulações egípcias dos tempos antigos são quase tão obscuras; além disso, não era necessário para os judeus do tempo de Moisés compreenderem totalmente o significado implícito no nome de Deus. O desenvolvimento científico deste sendo pode ser deixado para os futuros teólogos cristãos.
  • O verbo hebraico hayah significa mais “se tornar” que “ser” permanentemente. Mas boas autoridades negam que o verbo hebraico denote ser em movimento ao invés de uma condição permanente. É verdade que o particípio teria expressado um estado permanente mais claramente; mas então, o particípio do verbo hayah é encontrado apenas em Êxodo 9:3, e poucos nomes em hebraico são derivados do particípio.
  • O imperfeito geralmente expressa a ação de alguém que entra novamente em cena. Mas este não é sempre o caso; o imperfeito hebraico é um verdadeiro aoristo, prescindindo do tempo e, portanto, melhor adaptado para princípios gerais (Driver, p. 38).
  • “Eu sou aquele que sou” parece se referir ao “Eu estarei contigo” do versículo 12; ambos os textos parecem ser aludidos em Oséias 1:9, “Eu não serei vosso”. Mas se isto for verdadeiro, “Eu sou aquele que sou” deve ser considerado como uma elipse: “Eu sou o que sou com você”, ou “Eu sou aquele que sou fiel a minhas promessas”. Isso é duro o bastante; mas se torna bastante inadmissível na cláusula, “Eu sou aquele que sou, me enviou, envia-me”.

Desde então o imperfeito hebraico reconhecidamente não é para ser considerado como um futuro, e como a natureza da língua não nos força a ver nisso a expressão da transição ou de se tornar, e sendo que, além do mais, tradições antigas são bastante constantes e o caráter absoluto do verbo hayah induziu mesmo o patronos mais ardentes do sentido histórico a admitir nos textos a descrição da natureza de Deus, as regras da hermenêutica impelem a tomar as expressões em Êxodo 3:13-15 pelo que elas valem. Jahveh é Aquele Que É, i.e., Sua natureza é melhor caracterizada pelo Ser, se de fato ela precisa ser designada por um nome próprio pessoal distinto do termo Deus (Revue biblique, 1893, p. 338). As teorias escolásticas sobre o profundo significado latente em Yahveh (Yahweh) residem, portanto, em um fundamento sólido. Coisas finitas são definidas por sua essência: Deus pode ser definido apelas pelo ser, puro e simples, nada menos e nada mais; não ser abstrato sendo comum a tudo, e característico de nada em particular, mas por ser concreto, ser absoluto, o oceano de todo ser substancial, independente de qualquer causa, incapaz de mudar, excedendo toda duração, porque Ele é infinito: “Alfa e Ômega, o princípio e o fim, . . . aquele que é, que foi, e que vem, o Dominador” (Apocalipse 1:8). Cf. S. Tomás, I.13.14; Franzelin, “De Deo Uno” (3a ed., 1883, thesis XXIII, pp. 279-86).

Origem do nome Jahveh (Yahweh)

A opinião de que o nome Jahveh foi adotado pelos judeus from the cananeus, foi defendida por von Bohlen (Gênesis, 1835, p. civ), Von der Alm (Theol. Briefe, I, 1862, pp. 524-27), Colenso (O Pentateuco, V, 1865, pp. 269-84), Goldziher (Der Mythus bei den Hebräern, 1867, p. 327), mas foi rejeitada por Kuenen (“De Godsdienst van Israel”, I, Haarlem, 1869, pp. 379-401) e Baudissin (Studien, I, pp. 213-18). É a princípio improvável que Jahveh, o inimigo irreconciliável dos cananeus, tenha sido originalmente um deus cananeu.

Foi dito por Vatke (Die Religion des Alten Test., 1835, p. 672) e J.G. Müller (Die Semiten in ihrem Verhältniss zu Chamiten und Japhetiten, 1872, p. 163) que o nome Jahveh é de origem Indo-Européia. Mas a transição da raiz sânscrita, div—o latim Jupiter-Jovis (Diovis), o grego Zeus-Dios, o Indo-Europeu Dyaus na forma hebraica Jahveh nunca foi satisfatorimente explicada. A discórdia de Hitzig (Vorlesungen über bibl. Theol., p. 38) de que os Indo-Europeus forneceram pelo menos a ideia contida no nome Jahveh, ainda que eles não tenham originado o nome propriamente, não tem valor.

A teoria de que Jahveh seja de origem egípcia pode ter uma certa quantia de probabilidade a priori, visto que Moisés foi educado no Egito. Ainda assim, as provas não são convincentes:

  • Röth (Die Aegypt. und die Zoroastr. Glaubenslehre, 1846, p. 175) deriva o nome hebraico do deus-lua da antiguidade Ih ou Ioh. Mas não há conexão entre o hebraico Jahveh e a lua (cf. Pierret, “Vocabul. Hiérogl.”, 1875, p. 44).
  • Plutarco (De Iside, 9) nos diz que uma estátua de Athene (Neith) em Sais trazia a inscrição: “Eu sou tudo que foi, é, e será”. Mas Tholuck (op. cit., 1867, pp. 189-205) demonstra que o significado desta inscrição é completamente diferente daquele do nome Jahveh.
  • Os patronos da origem egípcia do nome sagrado apelam para a fórmula comum egípcia, Nuk pu nuk mas embora seu significado literal seja “Eu sou eu”, se significado real é “Eu é que” (cf. Le Page Renouf, “Lições de Hibbert para 1879”, p. 244).

Quando à teoria de que Jahveh tenha uma origem caldéia ou uma origem acadiana, seu fundamento não é muito sólido:

  • Jahveh é dito ser uma forma meramente artificial introduzida para dar significado ao nome do deus nacional (Delitzsch, “Wo lag das Paradies”, 1881, pp. 158-64); o nome comum em popular de Deus foi dito ter sido Yahu ou Yah, a letra I sendo o elemento Divino essencial no nome. A argumentação, se verdadeira, não prova a origem caldéia ou acadiana do nome hebraico Divino; ademais a forma Yah é rara e exclusivamente poética; Yahu jamais aparece na Bíblia, enquanto a forma ordinária completa do nome Divino é encontrada mesmo na inscrição de Mesa (linha 18) datando do século XIX a.C.
  • Yahu e Yah eram conhecidos fora de Israel; as formas entram na composição de nomes próprios estrangeiros; além disso, a variação do nome de um certo Rei de Hammath mostra que Ilu é equivalente a Yau, e que Yau é o nome de um deus (Schrader, “Bibl. Bl.”, II, p. 42, 56; Sargon, “Cylinder”, xxv; Keil, “Fastes”, I. 33). Porém nomes próprios estrangeiros contendo Yah ou Yahu são extremamente raros e duvidosos, e podem ser explicados sem admitir deuses em nações estrangeiras, carregando o nome sagrado. Novamente, o panteão babilônico é razoavelmente conhecido no presente, mas o deus Yau não aparece nele.
  • Entre os babilônicos pré-semitas, I é um sinônimo de Ilu, o deus supremo; já I com a terminação nominativa assíria acrescentada se torna Yau (cf. Delitzsch, “Lesestücke”, 3a ed., 1885, p. 42, Syllab. A, col. I, 13-16). Hommel (Altisrael. Ueberlieferung, 1897, pp. 144, 225) está seguro de que descobriu este deus caldeu Yau. É o deus que é representado ideograficamente (ilu) A-a, mas ordinariamente pronunciado Malik, através da expressão deve ser lido Ai ou Ia (Ya). A família patriarcal empregava esse nome e Moisés tomou emprestado e o transformou. Mas Lagrange aponta que os judeus não acreditam que eles ofereciam suas crianças para Jahveh, quando eles as sacrificavam para Malik (Religion semitique, 1905, pp. 100 sqq.). Jeremias 32:35, e Sofonias 1:5, distinguem entre Malik e o Deus hebreu.

Cheyne (Tradições e Crenças do Antigo Israel, 1907, pp. 63 sqq.) conecta a origem de Jahveh com sua teoria Yerahme’el; mas mesmo os críticos mais avançados consideram a teoria de Cheyne como um descrédito à crítica moderna. Outras opiniões singulares da origem do nome sagrado podem ser seguramente omitidas. A visão de que Jahveh é de origem hebraica é a mais satisfatória. Argumentando a partir de Êxodo 6:2-8, tais comentaristas como Nicolu de Lira, Alonso Tostado, Caetano, Bonfrère, etc., sustentam que o nome foi revelado pela primeira vez a Moisés no Monte Horeb. Deus declara na visão que ele “apareceu a Abraão . . . pelo nome de Deus Todo-poderoso; e meu nome Adonai [Jahveh] eu não lhes dei a conhecer”. Mas a frase “aparecer pelo nome” não implica necessariamente na primeira revelação daquele nome; ao contrário significa a explicação do nome, ou a maneira de agir conforme o significado do nome (cf. Robion em “la Science cathol.”, 1888, pp. 618-24; Delattre, ibid., 1892, pp. 673-87; van Kasteren, ibid., 1894, pp. 296-315; Robert em “Revue biblique”, 1894, pp. 161-81). No Mt. Horeb Deus contou a Moisés que Ele não agiu com os Patriarcas como o Deus da Aliança, Jahveh, mas como o Deus Todo-poderoso.

Talvez seja preferível dizer que o nome sagrado, embora talvez de uma forma modificada, tenha estado em uso na família patriarcal antes do tempo de Moisés. No Mt. Horeb Deus revelou e explicou a forma precisa de Seu nome, Jahveh.

  • O nome sagrado ocorre no Gênesis cerca de 156 vezes; esta ocorrência frequente dificilmente seria uma mera prolepse.
  • Gênese 4:26, declara que Enos “passou a invocar o nome do Senhor [Jahveh]”, ou como o texto hebraico sugere, “começou a chamar-se pelo nome de Jahveh”.
  • Joquebede, a mãe de Moisés, tinha em seu nome uma forma abreviada Jo (Yo) de Jahveh. A existência pré-Mosaica do nome divino entre os hebreus conta para este fato mais facilmente que a suposição de que o elemento Divino fora introduzido após a revelação do nome.
  • Dentre os 163 nomes próprios que carregam um elemento do nome sagrado em sua composição, 48 têm yeho ou yo no começo e 115 têm yahu ou yah no final, enquanto que a forma Jahveh nunca ocorrem em qualquer composição. Talvez possa ser assumido que estas formas abreviadas yeho, yo, yahu, yah, representam o nome Divino como tenha existido dentre os israelitas antes de o nome completo Jahveh ter sido revelado no Mt. Horeb. Por outro lado, Driver (Studia biblica, I, 5) mostrou que estas formas curtas são as abreviações regulares do nome completo. De qualquer forma, embora não seja certo que Deus revelou Seu nome sagrado a Moisés pela primeira fez, Ele certamente revelou no Mt. Horeb que Jahveh é Seu nome incomunicável e explicou seu significado.

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