Paráclito

Paráclito, Consolador (L. Consolator; grego parakletos), uma denominação do Espírito Santo. O termo grego que, como uma designação do Espírito Santo pelo menos, aparece apenas em S. João (14:16, 26; 15:26; 16:7), foi traduzido variavelmente como “advogado”, “intercessor”, “mestre”, “auxiliador”, “consolador”. Esta última versão, embora em desacordo com a forma passiva do grego, é justificada pelo uso helenístico, algumas versões antigas, autoridade patrística e litúrgica, e as evidentes necessidades do contexto Joanino. De acordo com S. João a missão do Paráclito era permanecer com os discípulos depois que Jesus retirasse sua presença visível do meio deles; para sedimentar dentro deles os ensinamentos dados externamente pelo Cristo e assim servirem de testemunhas para a doutrina e a obra do Salvador. Não há razão para limitar aos próprios Apóstolos a consoladora influência do Paráclito como prometido no Evangelho (Mateus 10:19; Marcos 13:11; Lucas 12:11, 21:14) e descrito em Atos 2. Na declaração de Cristo acima, o Cardeal Manning corretamente enxerga uma nova dispensa, aquela do Espírito de Deus, o Santificador. O Paráclito consola a Igreja garantindo a sua inerrância e promovendo a sua santidade (ver IGREJA). Ele consola cada alma individual de várias maneiras. Diz S. Bernardo (Parvi Sermones): “De Spiritu Sancto testatur Scriptura quia procedit, spirat, inhabitat, replet, glorificat. Procedendo praedestinat; spirando vocat quos praedestinavit; inhabitando justificat quos vocavit; replendo accumulat meritis quos justificavit; glorificando ditat proemiis quos accumulavit meritis“. Cada condição salutar, poder e ação, de fato o completo alcance da nossa salvação, tem a ver com a missão do Consolador. Seus efeitos extraordinários são dons, frutos, beatitudes. A sua obra ordinária é a santificação com tudo o que ela implica, a graça atual, as virtudes infusas, a adoção e o direito à herança celestial. “A caridade (o amor) de Deus”, diz S. Paulo (Romanos 5:5), “foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Nessa passagem o Paráclito é tanto o doador como o dom: o doador da graça (donum creatum) e o dom do Pai e do Filho (donum increatum). S. Paulo ensina repetidamente que o Espírito Santo habita em nós (Romanos 8:9, 11; 1 Coríntios 3:16).

Esta inabitação do Paráclito na alma dos justos não deve ser compreendida como sendo uma obra exclusiva da terceira Pessoa nem como se constituindo a causa formalis da nossa justificação. A alma, intimamente renovada pela graça atual, se torna a habitação das três Pessoas da Santíssima Trindade (João 14:23), ainda assim essa inabitação é devidamente atribuída à terceira Pessoa que é o Espírito de Amor. Quanto ao modo e explicação da inabitação do Espírito Santo na alma dos justos, os teólogos católicos não concordam. S. Tomás (I, Q. XLIII, a. 3) propõe uma analogia muito vaga e insatisfatória “sicut cognitum in cognoscente et amatum in amante“. Para Oberdoffer é uma força sempre em atuação, mantendo e desdobrando a graça atual em nós. Verani considera como uma presença meramente objetiva, no sentido de que a alma justificada é objeto de uma especial solicitude e escolha de amor do Paráclito. Forget, e com isto ele pretende trazer o verdadeiro pensamento de S. Tomás, sugere um tipo de união mística e quasi-experimental da alma com o Paráclito, diferindo em grau mas não no tipo da visão intuitiva e amor beatífico dos eleitos. Em uma questão tão difícil, nós podemos apenas recorrer às palavras de S. Paulo (Romanos 8:15): “Recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Abba (Pai)”. A missão do Paráclito não prejudica em nada a missão do Cristo. No céu Cristo permanece nosso parakletos ou advogado (1 João 2:1). Neste mundo, Ele estará conosco até a consumação do mundo (Mateus 28:20), mas Ele está conosco através de Seu Espírito do qual Ele diz: “Vo-lo enviarei. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará” (João 16:7, 14). Ver ESPÍRITO SANTO.

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